domingo, 21 de junho de 2015

Dono de bingo tenta regularizar PPCI se passando por comércio


Estabelecimento está interditado pelos Bombeiros e segue funcionando por Eduardo Matos Clic RBS

Se não bastasse a atividade ilegal, o responsável por um bingo na zona sul de Porto Alegre tenta regularizar o local se passando por um comércio. Conforme consta na Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) que tramita desde o ano 2000 no nos Bombeiros, o estabelecimento, que fica na Avenida Nonoai, nº 315, foi interditado em 3 de janeiro deste ano justamente por não possuir condições mínimas de segurança em caso de incêndio. Também por estar em desacordo com o PPCI, já que operava como bingo e teria que estar funcionando como comércio.
O tipo de comércio não está especificado, segundo os bombeiros. Ou seja, para os Bombeiros esse local deveria estar fechado. Deveria, mas não está. Nesta quarta-feira (17), estivemos no local e presenciamos diversas pessoas entrando e saindo. Falamos com o segurança, que não quis indicar o responsável pelo local.
"Isso aqui é um prédio residencial. A tua informação de que está interditado, está errada", disse o segurança.


Até mesmo uma guarita e cercas semelhantes às usadas em penitenciárias foram instaladas no local para dificultar fiscalização e evitar assaltos. Reportagem da Rádio Gaúcha divulgada no início de junho revelou que a Brigada Militar já fechou este mesmo bingo três vezes somente neste ano. A última em maio. Fomos até a empresa que encaminhou o PPCI nos Bombeiros no ano 2000. A Pavan Administração e Participação já não funciona mais no local, porque faliu. Falamos com um homem que foi funcionário do dono. Ele disse que o bingo era do empresário, quando ainda era permitido.
"Ele perdeu tudo. Nesse prédio da Nonoai, ele tinha um bingo. Era dele", diz o homem.


Informado pela Rádio Gaúcha que o local interditado segue funcionando, o sargento Ubirajara Ramos, da Seção de Prevenção de Incêndio dos Bombeiros, explica.
"O Corpo de Bombeiros trabalha na questão de prevenção de incêndio. Então nós só fizemos a parte técnica de vistoria, de análise e interdição através do que se refere à prevenção de incêndio. Então se nos trouxerem uma denúncia de ilegalidade que envolva a contravenção ou crime não compete ao Corpo de Bombeiros agir nessa situação", afirma o sargento.
Falamos no início do mês com o comandante do 1º BPM, Tenente-Coronel Antônio Maciel, responsável pela região.
"No dia 8 de janeiro do ano passado, nós fechamos esse bingo duas vezes. Fechamos de manhã e de tarde estava aberto de novo, e fechamos outra vez", lembra o comandante.
O delegado da Polícia Civil Luciano Coelho, que é responsável pela região, na oportunidade admitiu que não está mais combatendo esse tipo de caso. Afirma que a falta de efetivo e a grande quantidade de crimes graves impedem a delegacia de fazer operações em bingos.
"Se nós combatermos bingos, não vamos combater os crimes mais grave", admite o delegado.
O titular do 2º Juizado Especial Criminal, juiz Amadeo Henrique Ramella Buttelli, explicou que a pena para os contraventores acaba sendo uma transação penal, com pagamento de multa e prestação de serviços comunitários.
"Todos os dias trocam os operadores. São pessoas 'testas de ferro' que são contratadas. O efetivo dono do local nunca aparece", conta o juiz.


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